Por parecerem próximos, é comum que muitas pessoas confundam os transtornos do neurodesenvolvimento, por exemplo, o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Entretanto, mesmo que eles tenham semelhanças, os sintomas acabam sendo diferentes. Porém, isso não impede que uma mesma pessoa apresente mais de um transtorno, como explica, em detalhes, a Neuropsicopedagoga, Milena Trimer:
“Normalmente, um transtorno do neurodesenvolvimento não aparece sozinho, ele vem junto de outros ou, até mesmo, de alguma comorbidade – que se trata da associação entre condições em um mesmo indivíduo, simultaneamente. Falando, por exemplo, sobre o Autismo, é muito comum que ele venha acompanhado do TDAH, da apraxia da fala, epilepsia ou outras situações, consideradas comorbidades. Então, por mais que nós escutemos as pessoas tratando dos transtornos individualmente, é comum que os três andem juntos.”
Pois bem, dando continuidade, este artigo tem como foco principal auxiliar as pessoas em um entendimento mais aprofundado de cada um dos transtornos.
TOD – Transtorno Opositivo Desafiador
Normalmente, uma criança com TOD apresenta um comportamento mais hostil e desafiador, no qual ela perde a paciência rápido, se recusa a cumprir os pedidos/ordens feitos por adultos, fica ressentida com bastante frequência e acaba sendo rancorosa e vingativa.
Claro que os sinais variam de criança para criança, sendo que algumas podem despertar todos os pontos citados anteriormente, enquanto outras podem apresentar sinais diferentes, por isso o diagnóstico de uma especialista é muito importante, como reforça Milena Trimer:
“Infelizmente, para uma família aceitar que aquela criança pode ter algum transtorno, e levá-la para um tratamento médico, já não é algo simples. Porém, está na Lei a garantia dos Direitos das Pessoas Deficientes. Então, para fins legais, os transtornos do neurodesenvolvimento são equiparados à deficiência, e para fins de direitos e deveres, um laudo médico é extremamente importante, já que esse diagnóstico permite um respiro e um olhar individualizado para aquela criança que potencialmente tem algum tipo de transtorno ou dificuldade de desenvolvimento.”
Ademais, com esse laudo em mãos, a criança estará melhor assistida, sendo atendida em todas as pontas necessárias, psicológica, fonoaudiológica, etc., tudo acontecendo conforme o que está previsto na Lei.
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
Diferentemente do TOD, o TDAH é mais ligado à desatenção, desorganização e hiperatividade. Normalmente, as crianças com esse transtorno não conseguem focar em uma tarefa ou em algo que está sendo dito, juntamente com isso ficam inquietas e agitadas.
Em certos casos, é possível que o TDAH venha acompanhado de um distúrbio de aprendizagem, e, por isso, é preciso que os professores trabalhem com diferentes métodos de ensino dentro da sala de aula e da disciplina. Milena relata mais sobre isso:
“Essa questão acaba sendo mais “fácil” quando falamos de uma criança em fase de alfabetização, do que dos alunos do ensino fundamental e médio. Isso porque, com os mais novos é possível aplicar a aprendizagem por meio do lúdico, de objetos concretos e de projetos variados. Já com os mais velhos, pelo tempo reduzido de foco causado pelo TDAH, é interessante trabalhar com pistas visuais, marca-textos para grifar os pontos importantes da apostila, criação de um mapa mental e a montagem de resumos.”
TEA – Transtorno do Espectro Autista
O Autismo é um universo amplo de ser trabalhado, já que cada pessoa afetada apresenta diversos sinais e sintomas, inclusive, com diferentes níveis de gravidade, por isso é utilizado o termo ‘espectro’.
Porém, normalmente, uma criança com TEA apresenta dificuldade de interação social e de comunicação, assim como comportamentos repetitivos. Isso porque este distúrbio causa prejuízo em três áreas importantes do desenvolvimento humano, sendo:
- Habilidades Socioemocionais;
- Atenção Compartilhada;
- Linguagem.
Outro ponto importante de ser abordado quando falamos deste transtorno, é a quebra de regras, como explica em detalhes a Neuropsicopedagoga, Milena Trimer:
“Na verdade, quando falamos sobre ‘quebrar a regra’, nós entramos em uma questão comportamental e psicológica bastante complexa. Uma criança autista, como já dito anteriormente, pode ter como comorbidade o TDAH, ou seja, ela pode quebrar uma regra de forma inconsciente, simplesmente por não conseguir controlar um impulso. Ou, ela pode quebrar a regra por uma questão comportamental, pois ela já tem um problema para assimilar e entender o porquê daquilo.”
Transtornos: considerações finais
A inclusão de alunos com transtornos do neurodesenvolvimento nas salas de aula é um desafio que demanda sensibilidade e flexibilidade por parte dos educadores. É necessário compreender que cada criança possui suas particularidades e necessidades específicas.
Para um trabalho correto, é importante que haja uma ação colaborativa entre professores, profissionais da saúde e familiares dos alunos, a fim de garantir um ambiente acolhedor e inclusivo, onde todos possam aprender juntos e se beneficiar das diferenças.
Por fim, é importante ressaltar que a inclusão não é um processo fácil e nem sempre linear. É preciso ter paciência e dedicação para superar os obstáculos e encontrar soluções que atendam as necessidades de cada aluno.