Os educadores são peças-chave no processo de ensino-aprendizagem, responsáveis diretos pela preparação dos jovens estudantes para os desafios do mundo, que englobam desde o universo acadêmico até o profissional e pessoal.
Porém, essa não é uma tarefa fácil, pelo contrário, muitos educadores enfrentam pressões constantes. Inclusive, segundo a pesquisa ‘Saúde Mental dos Educadores 2022’, realizada pela NOVA ESCOLA com o Instituto Ame Sua Mente, 60% dos profissionais sofrem com ansiedade, baixo rendimento e cansaço excessivo.
A lista de desafios enfrentados pelos educadores é grande, e quem fala mais sobre isso é Beto Carvalho, CEO SoulBeeGood / Pesquisador do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental – CISM (FMUSP):
“A profissão de professor é, por si só, bastante desafiadora pela sua natureza. Depende desse contato direto com as pessoas, o que torna a atividade imprevisível. Uma pesquisa recente americana indicou que os professores têm um risco duas vezes maior de serem acometidos pelo estresse em comparação a outras profissões. Mas de todos os desafios acredito que convergem para um ponto único: a falta de valorização dos professores. O papel do professor vem ganhando cada vez mais importância, assim como o da escola, principalmente após a pandemia. No entanto, a percepção de cobrança dos professores vai além de suas responsabilidades. E isso não é levado em conta. Falta capacitação e estrutura de suporte e amparo aos professores para lidarem com um novo contexto de trabalho e de sociedade. Outra questão é a saúde mental dos alunos nas escolas que recai aos professores. Muitos deles não estão preparados para lidar com essas questões. Ao mesmo tempo, não possuem ferramentas e serviços de suporte à disposição para encaminharem os alunos para um acompanhamento especializado.”
Infelizmente, com todos esses pontos, os educadores se sentem excessivamente pressionados, o que acaba também prejudicando a saúde mental deles. Até mesmo por isso, a sobrecarga de trabalho é uma preocupação crescente para os educadores.
Entenda como lidar com os desafios da rotina escolar
A preparação de aulas, a correção de trabalhos, as reuniões com os pais e outras responsabilidades, muitas vezes, se acumulam, levando a longas horas de trabalho e à falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Os pontos citados anteriormente foram apenas alguns exemplos, mas existem muitas outras situações que são desafiadoras para os educadores. Acompanhe algumas das principais, bem como formas de trabalhá-las!
1 – Carga de trabalho excessiva
Os educadores têm que administrar o planejamento de aulas, a correção de trabalhos, a participação em reuniões escolares e a gestão da sala de aula. Frequentemente, essas atribuições invadem a vida pessoal, tomando muito mais tempo do que seria saudável.
Uma saída para lidar melhor com essa situação é desenvolver habilidades de gerenciamento de tempo eficazes, estabelecendo prioridades e buscando apoio de colegas e administração escolar.
2 – Pressão referente ao desempenho dos alunos
Os educadores enfrentam a pressão de melhorar o desempenho acadêmico de seus alunos, e isso pode ser estressante, pois o sucesso dos estudantes é frequentemente usado como medida de eficácia do profissional.
Para enfrentar esse desafio, os educadores podem implementar um processo de avaliação contínua, facilitando o mapeamento dos pontos a melhorar a cada passo no currículo e o ajuste das abordagens.
3 – Desafios comportamentais dos alunos
Alguns educadores enfrentam desafios comportamentais em suas turmas. E lidar com comportamentos disruptivos ou agressivos pode ser emocionalmente desgastante.
Para enfrentar esse desafio, é possível apostar em treinamentos de gerenciamento de sala de aula, assim como procurar estratégias de apoio comportamental.
Então, para que consigam lidar com as pressões e desafios da profissão, os educadores precisam de apoio, tanto da comunidade escolar quanto da sociedade em geral. Isso inclui o fornecimento de recursos adequados, treinamento contínuo e reconhecimento pelo trabalho que realizam
4 – Pressão emocional
A conexão emocional com os alunos é uma parte importante do trabalho de um educador, mas, muitas vezes, os profissionais esbarram em histórias pessoais difíceis e traumas, o que pode afetar seu próprio bem-estar emocional.
Para lidar com essa pressão, os educadores podem buscar apoio de psicólogos escolares ou grupos de apoio entre colegas, além de terem claras as limitações de seu trabalho.
Considerações finais
De forma geral, os educadores desempenham um papel muito importante na sociedade, mas enfrentam pressões e desafios significativos. Por isso, cabe a cada um apoiar e incentivar esses profissionais, como melhor explica Beto Carvalho:
“Professores valorizados e motivados são essenciais para uma educação de qualidade. Mas a responsabilidade pela educação também é da comunidade. Nesse sentido, existem alguns níveis que precisamos olhar do envolvimento individual ao comunitário. Muitos professores relatam que, principalmente no ensino médio, há um certo abandono, ou menor atenção por parte dos pais, em relação ao acompanhamento contínuo das questões acadêmicas de seus filhos. Mas existe uma transferência de responsabilidade para a escola/professor, e a cobrança por resultados permanece. Essa é uma visão a nível do indivíduo. Em um olhar mais amplo temos a questão de incorporar a educação dentro da perspectiva de desenvolvimento social comunitário. Aproximar os alunos, famílias e toda comunidade escolar a questões escolares para juntos desenvolverem/construírem melhorias. Com objetivo de uma construção pedagógica baseada em projetos aliada a esse olhar de serviços comunitários. Essa é uma construção conjunta. E nesse caso, o papel da comunidade é trabalhar para o estabelecimento da educação e desse modelo como uma prioridade.”
