Estudante de química participando em uma atividade prática na sala de aula relacionada às olimpíadas de química IChO e IMChO, com laboratório de testes e anotações.

Existem duas grandes olimpíadas científicas dedicadas à química: a IChO (Olimpíada Internacional de Química) e a IMChO (a Olimpíada Internacional Mendeleev de Química). Ambas possuem um enorme peso no cenário acadêmico mundial e surgem como duas ótimas oportunidades para revelarem novos talentos interessados na química e suas áreas correlatas. 

Continuando nossos artigos sobre olimpíadas científicas, hoje chegou a vez de falarmos da IChO e da IMChO que, apesar de serem semelhantes, não são a mesma competição! Se você perdeu alguma matéria em nossa série, não se preocupe! Você pode acessá-los através do artigo principal clicando no link abaixo:

O que é a IChO: Olimpíada Internacional de Química?

A IChO (sigla para International Chemistry Olympiad) é uma das duas principais competições acadêmicas para jovens estudantes dedicados à química. Ela teve sua primeira edição realizada em Praga, na Tchecoslováquia, entre os dias 18 e 21 de junho de 1968.

No início, a competição contou apenas com a participação de três países: Hungria, Polônia e a própria Tchecoslováquia, devido a tensões entre os países do bloco soviético com o país sede – em especial Romênia e União Soviética. Apesar disso, o evento foi um sucesso e, com exceção do ano de 1971, a olimpíada acontece anualmente de forma ininterrupta. 

A primeira edição fora dos países do leste europeu aconteceu apenas em 1980, quando a Áustria sediou a 12ª edição da IChO. Esse fato marcou o início de uma expansão para outros países do mundo. O Brasil, por exemplo, começou a participar com estudantes em 1999.

O que é a IMChO: Olimpíada Internacional Mendeleev de Química

A IMChO tem uma história que remonta a 1965, o que a torna até mais antiga que a IChO. Ela teve suas raízes na União Soviética, e, por isso, contava inicialmente com a participação de países do antigo Bloco Oriental, da Europa Central, Leste Europeu e Ásia Central. Seu nome foi dado em homenagem a Dmitri Ivanovich Mendeleev (1834-1907), um renomado químico russo.

Embora não seja tão famosa como a sua “irmã”, a IMChO é reconhecida por apresentar um nível de dificuldade ainda maior em suas provas, sendo considerada por muitos como a competição mais desafiadora para estudantes de química do ensino médio. A UNESCO, por exemplo, a equipara em status de importância à IChO.

Como funciona a IChO e a IMChO?

Detalhes sobre a disputa da IChO

A IChO acontece em um evento que dura aproximadamente 10 dias, e conta com uma programação que inclui excursões culturais e atividades sociais no país sede. A competição é feita de maneira individual e inclui duas provas (prática e teórica), com 5 horas de duração cada, realizadas em dias separados de competições, com um dia de descanso entre elas.

Valendo 40% da nota final, a prova prática é realizada, geralmente, no primeiro dia. Ela testa as habilidades dos estudantes em laboratório, incluindo realização de experimentos, identificação de substâncias, síntese de compostos e análise de dados. Já a prova teórica tem peso de 60% da nota final e aborda um amplo espectro da química, incluindo temas como orgânica, inorgânica, analística, físico-química, espectroscopia e bioquímica.

Detalhes sobre a disputa da IMChO

A IMChO possui um formato diferente da IChO, com três fases de testes realizados ao longo de aproximadamente uma semana no país-sede. Os dois primeiros rounds consistem em provas teóricas, com formatos distintos.

A primeira prova teórica envolve 8 problemas obrigatórios que valem 10 pontos cada. Ela abrange uma ampla gama de tópicos sobre química e exigem raciocínio lógico e conhecimento conceitual. Já a segunda prova exige que os participantes escolham 5 problemas entre um total de 15 oferecidos, divididos em áreas específicas da química, como: química inorgânica, química orgânica, química analítica, físico-química e ciências da vida (com 3 problemas por área).

Por fim, é realizada a prova prática, chamada de “Experimental Round”. Nela, os estudantes são testados em suas habilidades de análise química, síntese de compostos, manipulação de equipamentos de laboratório e interpretação de resultados experimentais.

Como é feita a premiação na IChO e IMChO?

Distribuição de medalhas na IChO

A premiação na IChO segue modelos similares ao de outras olimpíadas científicas, distribuindo medalhas e menções honrosas que segue um sistema percentual em relação ao total de participantes. Desta forma, é possível garantir que metade dos estudantes recebam reconhecimento por sua participação. Ela acontece da seguinte forma:

  • Medalhas de Ouro: concedidas aos 10% a 12% dos melhores estudantes;
  • Medalhas de Prata: dão dadas aos 20% a 22% seguintes, ou seja, àqueles que ficam depois dos medalhistas de ouro;
  • Medalhas de Bronze: premiam os 30% a 32% seguintes, após os medalhistas de prata;
  • Menções Honrosas: São concedidas aos 10% dos participantes que não ganharam medalhas, mas tiveram um bom desempenho.

Além das medalhas, são conferidos prêmios especiais para os participantes que atingirem a maior pontuação geral, a melhor nota na prova experimental e a melhor nota na prova teórica.

Distribuição de medalhas na IMChO

O modelo de premiação na IMChO é bem similar ao da IChO, buscando premiar cerca de metade dos participantes com algum tipo de condecoração. O modelo atual funciona da seguinte forma:

  • Medalhas de Ouro: Concedidas aos 10-12% dos melhores estudantes.
  • Medalhas de Prata: Atribuídas aos 20-22% seguintes.
  • Medalhas de Bronze: Para os 30-32% seguintes.
  • Menções Honrosas: Embora menos comum de ser explicitamente mencionada na IMChO em todos os anos, também existe um sistema de menções honrosas similar ao da IChO, que promove o reconhecimento a participantes que não ganharam medalhas, mas alcançaram um bom desempenho.

Quem são os maiores vencedores da IChO e da IMChO?

A filosofia da IChO, assim como a da IMChO, é celebrar o mérito individual e a excelência científica, e não promover uma classificação por países como em eventos esportivos. Por isso, não existe um histórico geral com ranking de medalhas e nem um vencedor absoluto por edição. Ainda assim, podemos montar um quadro considerando as últimas edições da IChO desde 2013, que fica desta forma:

1º China: 39 medalhas de ouro;
2º Taiwan 31 medalhas de ouro;
3º Vietnã 29 medalhas de ouro;
4º USA 27 medalhas de ouro;
5º South Korea 25 medalhas de ouro.

O Brasil participa da IChO desde a edição de 1999, que aconteceu na Tailândia. Até o momento, conquistamos 3 medalhas de ouro, 24 medalhas de prata e 54 medalhas de bronze. Na última edição, os alunos do Etapa Daniel Suda Hatushikano e Lucas Kenji Fujibayashi trouxeram uma medalha de bronze e uma de prata, respectivamente.

Lucas Kenji Fujibayashi, medalhista de bronze na IChO, e Daniel Suda Hatushikano, medalhista de prata na IChO e bronze na IMChO

O histórico de participações do Brasil na IMChO é um pouco mais recente. A primeira ocorreu em 2023, na 57ª edição, realizada em Astana, Cazaquistão. Desde então, o Brasil tem mantido sua participação e, inclusive, foi o país anfitrião da 59ª IMChO, realizada em Belo Horizonte, onde conquistamos 8 medalhas de bronze, uma delas pertencente ao aluno do Etapa Daniel Suda Hatushikano.

Quando serão as próximas edições da IChO e IMChO?

A próxima edição da IChO será a 58ª edição e acontecerá em Tashkent, no Uzbequistão. O evento está programado para ocorrer em de julho de 2026. Já a próxima edição da IMChO acontecerá em 2026. A sede será a cidade de Moscou, na Rússia, em celebração a 60ª edição do evento.

Como participar das próximas edições da IChO e IMChO?

Para participar da Olimpíada Internacional de Química (IChO) e da Olimpíada Internacional de Química Mendeleev (IMChO), os estudantes precisam seguir um processo de seleção rigoroso que, no Brasil, é conduzido durante a Olimpíada Brasileira de Química (OBQ).

Normalmente, os estudantes classificados entre o 1º e o 4º lugar no resultado da fase final da OBQ são convocados para a IChO, enquanto os classificados entre o 5º e o 8º lugar são convocados para a IMChO. Existem também casos de alunos com desempenhos excepcionais, como o de Daniel Suda, que são convidados a participar das duas olimpíadas.

A escola tem um papel fundamental no desempenho de alunos em Olimpíadas Científicas

O bom desempenho do aluno em uma olimpíada científica não é fruto apenas do seu trabalho e habilidades de forma isolada. Na verdade, a escola tem um papel fundamental, tanto na preparação, quanto no estímulo à participação em competições acadêmicas.

E, no final de tudo, esse é um esforço recompensado. Isso porque, a simples participação de alunos em olimpíadas nacionais e internacionais é uma prova da qualidade do ensino do seu colégio – e um enorme atrativo para pais que buscam uma educação de excelência para seus filhos.

No Sistema Etapa, trabalhamos com a introdução dos jovens à cultura das olimpíadas científicas desde cedo, com os materiais Despertar Olímpico, que semeiam o interesse dos alunos e os preparam para esse tipo de competição a partir do ensino fundamental anos iniciais. Além disso, organizamos competições como a Olimpíada do Conhecimento Etapa, aberta para escolas de todo o Brasil, com o objetivo de fomentar a cultura das olimpíadas científicas em nosso país. Para saber mais sobre essa competição e participar da próxima edição, clique no link abaixo: