neurodesenvolvimento

Cada vez mais os transtornos do neurodesenvolvimento têm feito parte de discussões e pautas importantes, principalmente quando falamos sobre crianças e instituições de ensino. Inclusive, existem mais de 300 tipos, como explica a Neuropsicopedagoga, Milena Trimer: 


“Apesar de falarmos sobre mais de 300 transtornos, nesse número estão englobadas as síndromes, que podem ser genéticas, metabólicas, cromossômicas, entre outras. O que pode acontecer, é que essas síndromes tenham como comorbidades os transtornos de neurodesenvolvimento. Mas, de qualquer maneira, a formação pedagógica é muito importante nesse entendimento, porque os professores precisam ter acesso sobre os principais transtornos, e quando eu digo acesso, é sobre um profissional especializado para explicar os detalhes de cada um dos temas. Outro método necessário durante essa identificação é a busca por boas fontes de referência.”

Inclusive, existem três transtornos do neurodesenvolvimento que confundem as pessoas e os diagnósticos. São eles: Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Quando abordamos essa temática dentro do universo estudantil, isso se torna ainda mais delicado. Desse modo, este artigo oferecerá dicas importantes para que você, professor, saiba como trabalhar com alunos que apresentam um ou mais destes transtornos.

TOD em sala de aula: como trabalhar?

Normalmente, lidar com alunos com o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) pode ser um pouco mais complicado para os educadores. Entretanto, existem técnicas que podem ajudar bastante, por exemplo:

  • Os comportamentos devem ser advertidos com calma;
  • A criança pode ser colocada na primeira carteira da sala;
  • É importante ganhar a confiança e a simpatia do aluno;
  • É necessário trabalhar a inclusão da criança.

É claro que, assim como nos outros transtornos do neurodesenvolvimento, é preciso que os professores saibam as melhores formas de incluir e lidar com os alunos que tenham TOD. Milena Trimer reforça ainda mais essa questão:

“Os indivíduos que têm TOD são completamente diferentes uns dos outros, isso porque um pode ser opositor quando se fala de regras em sala de aula, outro pode ser opositor com figuras de autoridade em casa, já o terceiro pode ser opositor dependendo do humor do dia, independentemente do ambiente. Dessa maneira, não existe uma receita de bolo para trabalhar a inclusão, mas algumas dicas gerais são: use poucas palavras quando for falar de uma regra; toda e qualquer regra deve fazer sentido; trabalhe com a ludicidade para as crianças; e faça rodas de conversa e debate com adolescentes.”

Um ponto importante de ser dito, é que cada professor precisa perceber qual dica ou método funciona com aquele aluno ou não, tudo isso após uma avaliação completa, além de testes contínuos dentro da rotina educacional.

TDAH em sala de aula: como trabalhar?

Os alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade podem ter um rendimento escolar prejudicado, pois eles, normalmente, têm dificuldade de concentração durante as aulas.

Dessa maneira, algumas estratégias podem ser adotadas para que a rotina seja facilitada. Por exemplo, a variação dos métodos de ensino, isso quer dizer que os professores podem pensar em formas que ajudam a melhorar a concentração e o entendimento das crianças, como:

  • A utilização do audiovisual;
  • A utilização de livros coloridos;
  • A utilização de computadores;
  • A utilização da cultura maker.

Outra forma interessante de trabalho com alunos que tenham TDAH é a repetição, pois isso ajuda na memorização. A Neuropsicopedagoga, Milena, explicou em detalhes sobre os níveis e as maneiras variadas de aprendizado:

“Existe uma pirâmide do aprendizado, que diz o seguinte: o indivíduo que lê, absorve 10% do conteúdo; o indivíduo que ouve, absorve 20%; o que vê, absorve 30%; o que vê e escuta, absorve 50%; já o indivíduo que conversa, debate, reproduz, classifica, enumera e define, absorve 70%; o aluno que pratica, absorve 80% do conteúdo; por fim, o estudante que ensina aos outros, absorve 95%. Ou seja, existem diversas formas de ensino que funcionam muito bem, o que vale é a maneira como o conteúdo será apresentado e repetido para o aluno, para que o entendimento realmente aconteça.”

Então, durante as aulas, peça para que o estudante repita o que foi passado e compartilhe a informação com você e com os colegas, para treinar/reforçar a memória, bem como o conteúdo da aula.

Para finalizar, outra dica relevante é a utilização do reforço positivo, ou seja, do feedback acompanhado de elogios ou prêmios (estrelinha de mérito, por exemplo) sempre que o aluno realizar alguma tarefa corretamente.

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TEA em sala de aula: como trabalhar?

O Autismo atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. Porém, mesmo assim, o tema ainda gera muitas dúvidas, principalmente pelo TEA possuir diferentes graus e características. E isso é ainda mais complexo quando pensamos nas crianças.

Dessa maneira, existem algumas ações que podem ajudar os professores na inclusão dos alunos com Transtorno do Espectro Autista, bem como na montagem de aulas que auxiliem no entendimento do conteúdo por parte do estudante.

Para começar, é interessante que uma relação seja desenvolvida, e isso pode ser feito com a utilização de brinquedos. Por mais que muitas pessoas pensem que não, as interações podem ajudar na melhora do aprendizado, para isso, alguns itens podem ser utilizados:

  • Quebra-cabeça;
  • Carrinhos (sem luzes ou sons);
  • Desenhos;
  • Pinturas;
  • Brincadeiras de roda.

Dando sequência, outro tópico importante é a aposta em uma comunicação variada, sempre dentro do que aquele aluno necessita, tendo em vista as comorbidades que acompanham, ou não, aquele transtorno. Milena relata mais sobre esses métodos:

“Dentro do TEA, a comunicação pode ser aumentativa ampliada, somente ampliada, somente aumentativa ou alternativa. Ou seja, é importante que você estabeleça um desses métodos na comunicação com o seu aluno autista ou não verbal, principalmente para que ele apresente uma melhora. Para isso, alguns itens podem ajudar, como: tablets, figuras, itens gráficos e fichas alternativas de comunicação.”

Finalizando as dicas, é interessante que os professores trabalhem as habilidades e os interesses dos alunos, já que as crianças autistas podem desenvolver paixões por algum universo, como datas, locais, histórias, personagens, entre outras opções.

Ao trabalhar com estes interesses, os educadores também auxiliam no futuro daquele aluno, já que isso pode ser um caminho de aprendizagem – e o ideal é não desanimar a criança acerca do tema que seja seu hiperfoco.

Considerações finais

É de extrema importância que as escolas e os profissionais da educação estejam cientes dos transtornos do neurodesenvolvimento e das necessidades dos alunos que os possuem, para que possam fornecer um ambiente de aprendizado inclusivo e eficaz. 

Isso inclui a implementação de políticas e práticas que promovam a compreensão e o apoio aos alunos com transtornos, além de fornecer treinamento adequado aos professores e equipe escolar.

Por fim, o ato de transformar a jornada de conhecimento de um aluno com transtorno do neurodesenvolvimento vai além do ambiente escolar, é necessário também uma participação ativa dos pais e de profissionais da saúde qualificados.